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Dentro da minha pele: Palestra com Débora Duboc e exibição do documentário

  • Publicado: Segunda, 24 de Março de 2025, 08h54
  • Última atualização em Segunda, 24 de Março de 2025, 09h18

A Secretaria de Cultura, Economia e Indústrias Criativas e o Campus São Miguel Paulista do IFSP convidam para a palestra com a atriz e produtora Débora Duboc sobre a cinematografia do diretor Toni Venturini, seguida da exibição do documentário "Dentro da minha pele". O evento ocorrerá na próxima quinta-feira, 27/03, às 10h, na Sala de projeção do campus.

A espinha dorsal do documentário são as histórias de 9 pessoas comuns, com diferentes tons de pele negra, que apresentam seu cotidiano na cidade de São Paulo e compartilham situações de racismo, dos velados aos mais explícitos. Temos o médico Estefânio Neto, a modelo-performer Rosa Rosa, os estudantes universitários Wellison Freire e Jennifer Andrade da Faculdade Getúlio Vargas, a mais importante escola de administração da América Latina, a funcionária pública e ativista trans Neon Cunha, a trabalhadora doméstica Neide de Sousa, a corretora de imóveis Marcia Gazza que perdeu o filho assassinado pela Polícia Militar, e o casal que espera um bebê, a professora do ensino publico Daniela dos Santos com o garçom Cleber dos Santos.

Usando da linguagem do documentário de observação acompanhamos os personagens nos seus espaços habituais, ambientes de dores e superações. Sob luz natural, os depoimentos intimistas nos colocam em contato com fortes experiências de racismo vividos na própria pele, trajetórias de resistências e reinvenções.

Toni Venturi, diretor branco, formado em cinema no Canadá, é neto de imigrantes italianos que aportaram no Brasil no início do século XX, momento que o governo oferecia facilidades aos europeus em detrimento a população negra. A ordem era embranquecer o país. Na ponderação metalinguística do filme, o diretor se expõe criticamente na narração em primeira pessoa ao falar sobre sua ascendência italiana e a conscientização de seus privilégios. Val Gomes, socióloga de descendência indígena e negra, faz sua estreia no documentário assinando a codireção do projeto. A construção dialética das diferentes camadas narrativas do filme é resultado da parceria dos dois criadores.

Sem roubar o protagonismo das histórias pessoais, 6 pensadores negros fazem reflexões sobre o racismo no Brasil. Num estúdio de fundo preto e sóbrio, sob luz contrastada, acompanhamos os pensamentos de Cida Bento (psicóloga), Cidinha da Silva (escritora), Joice Berth (arquiteta), José Fernando de Azevedo (dramaturgo e pesquisador), Salloma Salomão (historiador e músico) e Sueli Carneiro (filósofa). Inserções pontuais de 3 cientistas sociais brancos antirracistas completam as entrevistas, Jessé Souza (sociólogo), Lia Vainer Schucman (psicóloga) e Adilson Paes (Tenentecoronel da Polícia Militar).

Música negra contemporânea e slam de jovens periféricos estabelecem os respiros poéticos entrelaçando as histórias pessoais com as reflexões filosóficas. Num ateliê de arte e pintura, as cantoras Bia Ferreira e Doralyce interpretam a canção "Cota não é Esmola", Chico César apresenta uma nova versão de "Respeitem meus cabelos", Brancos, Luedji Luna aparece em "Iodo", Thaíde com o rap "Algo Vai Mudar", Valéria Houston traz o samba "Controversa" e Anicidi Toledo com o "Batuque de Umbigada" dançam a umbigada Luís Gama. Numa favela do Capão Redondo (SP), os jovens slamers Bione e Barth Viera comparecem com a poesia de denúncia, afirmativa, produzida na periferia da cidade.

A complexidade da megalópole São Paulo desponta na visão monumental das tomadas aéreas que se contrapõem às imagens dos super close-ups em slow motion dos detalhes das peles, olhos, bocas e mãos dos personagens negros e brancos. A visão dos drones dos espaços de exclusão da cidade, segregada em classes sociais, contrasta com a visão intimista dos poros e texturas das peles.

A equipe de criação, produção e técnica do documentário Dentro da Minha Pele foi constituída inteiramente por profissionais negros. Para a realização dos seus filmes e séries, a produtora Olhar Imaginário tem investido na composição de equipes com diversidade de raça e gênero. Entende que as práticas antirracistas promovem a pluralidade de olhares que enriquecem a obra em produção.

 

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